sexta-feira, 13 de maio de 2011

ELA FOI A PIONEIRA

Primeira prefeita do Brasil

ATA DA ELEIÇÃO DA PRIMEIRA MULHER PREFEITA

Quixeramobim. Aos 12 de outubro de 1958 a 13ª junta apuradora da Justiça Eleitoral da comarca de Quixeramobim declarava encerrada a apuração dos votos para o cargo majoritário no município sertanejo situado a 206km de Fortaleza. O extrato da ata geral anunciava Aldamira Guedes Fernandes vencedora do pleito para o Poder Executivo local. Com maioria absoluta de votos, exatos 59%, comemorava a conquista, sendo empossada aos 25 de março do ano seguinte. No Brasil, pela primeira vez, uma mulher assumia o cargo por meio do voto livre.

Daquela época, a pioneira no cenário político nacional recorda que não existiam comícios, não se distribuíam bonés e nem blusas dos candidatos; não haviam carros de som fazendo propagandas pelas ruas, cartazes e nem outdoors. Ela explica que só existiam duas amplificadoras de som na cidade. Uma delas, a da Paróquia de Santo Antônio e a outra, do radialista Fenelon Câmara. “A gente tinha que conquistar o eleitor era na visita, na conversa, mostrando nossas propostas de trabalho. Era comum a gente pedir o voto às comadres e compadres, assegurando por conta disso, uma boa margem de votos”, diz ela.

A ex-prefeita conta ainda que, naquele período, no dia da eleição, era permitido fornecer o transporte e alimentação dos eleitores. Dependendo da ocasião se matava um ou dois bois para o preparo da merenda e do almoço. O quintal dela ficava cheio de panelões no fogo fazendo a comida que era generosamente distribuída. “Nós os tratávamos muito bem. Era assim que acontecia naquele tempo, uma prática adotada por todos os candidatos. Por ser uma época de grandes dificuldades, isso se tornava um ato de apoio ao eleitor”, lembra.

No vigor dos seus 85 anos bem vividos, como faz questão de ressaltar, lembra ainda que, no dia de sair para votar, as pessoas tinham por costume vestir a melhor roupa. Faziam questão de exibir elegância, como se fossem a uma festa. Todos faziam questão de estar bem apresentados. Ela falou também do trabalho das Juntas Apuradoras. A contagem dos votos era totalmente manual, no prédio da Prefeitura. Não aconteciam desentendimentos. “Tudo era feito dentro da ordem exigida pelo juiz da comarca”, explicou a única prefeita de Quixeramobim.

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