A
reeleição de Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos dominou as manchetes
dos principais jornais internacionais nesta quarta-feira. Nos Estados Unidos, o
diário The
New York Times, com a manchete “A noite de Obama”,
afirma que ele foi reeleito “superando poderosos ventos econômicos contrários,
uma resistência coordenada à sua agenda pelos republicanos no Congresso e uma
onda sem precedentes de propaganda em uma nação dividida que votou para dar a
ele mais tempo”.
O Washington Post, por sua vez, diz que Obama derrotou o republicano
Mitt Romney “ao recompor a coalizão política que o levou à vitória há quatro
anos e ao se reconstruir de um esperançoso unificador a um determinado
combatente pelos interesses da classe média”.
O
diário econômico The
Wall Street Journal observa que o presidente enfrentará um Congresso
dividido, com os republicanos no controle da Câmara e os democratas no controle
do Senado. Para o jornal, o resultado frustrou as esperanças dos republicanos
de conquistar todas as instâncias de poder e deixou o partido em uma “nuvem de
melancolia”.
O Los Angeles Times comenta que Obama superou “uma recuperação
econômica lenta e um enorme massacre de propaganda para ganhar um segundo mandato
na terça à noite, estabelecendo uma coalizão de mulheres, minorias e jovens que
reflete a face política em transformação da América”.
O
conservador The
Miami Herald faz comentário parecido, afirmando que Obama “se
manteve com a coalizão que o levou à vitória em 2008: mulheres, latinos,
afro-americanos e jovens”.
O
jornal acrescenta ainda que Romney, “que tentava se tornar o primeiro mórmon
eleito presidente, foi capaz de vencer em apenas dois Estados nos quais Obama
venceu na eleição anterior, Indiana e Carolina do Norte”.
Europa
Na
Europa, grande parte dos jornais foi às rotativas antes da definição do
resultado da eleição.
O
britânico The
Times ocupou toda a sua primeira página da edição desta
quarta-feira com uma imagem da bandeira americana sobreposta com os dizeres: “A
decisão”.
Em
seu site, o jornal informava: “Reeleito por uma margem mais
ampla que sua própria equipe ousou esperar, o presidente Obama prometeu nesta
manhã reduzir a crescente divisão política que ameaçou descarrilar seu primeiro
mandato na Casa Branca”.
O
diário The
Guardian, com a manchete impressa “O
veredicto da América sobre Obama”, afirmava em seu site que Obama “prometeu ao
povo americano que ‘o melhor ainda está por vir’ ao aceitar seu segundo mandato
na Casa Branca após derrotar com facilidade seu rival republicano, Mitt
Romney”.
O
jornal econômico Financial
Times afirma, em sua versão online, que
Obama “garantiu mais quatro anos na Casa Branca, superando um desafio forte de
Mitt Romney após uma das mais ásperas e caras corridas à Presidência
americana”.
Na
França, o diário Le
Monde afirma que “a estratégia eleitoral
republicana não funcionou”. “A vitória de Barack Obama, primeiramente e
principalmente, pertence aos seus estrategistas, que, sob um complexo sistema eleitoral
em vigor nos Estados Unidos, conseguiram colher votos eleitorais suficientes
sem que seu candidato tivesse assegurado uma liderança decisiva no voto
popular”.
Outro
diário francês, Libération, observa que a reeleição é “ainda mais
impressionante, porque Obama enfrentou uma crise econômica sem precedentes
desde 1929″. “Ele foi também o primeiro presidente desde Franklin Roosevelt a
ser reeleito com uma taxa de desemprego tão alta quanto os 7,9% de outubro”,
diz o jornal.
O
espanhol El
País diz que o presidente terá o desafio de “resgatar da
crise um país dividido” num momento em que “o predomínio americano está mais
ameaçado do que nunca”.
O
diário econômico alemão Handelsblatt diz que “não há tempo para celebrações”. “O
presidente precisa agora combater os problemas que ficaram sem solução por
meses e dizer as verdades desconfortáveis”.
Outro
jornal alemão, Die
Zeit, diz que Obama enfrenta “grandes
desafios” em seu segundo mandato. “Ele precisa reduzir o mais rapidamente
possível o enorme deficit do orçamento sem arriscar uma nova recessão. Para
isso, ele precisa do apoio do Congresso, que permanece dividido”.
Israel e Irã
O
diário israelense Haaretz afirma, em sua edição em hebraico, que o premiê
Binyamin Netanhyahu também saiu perdedor com a derrota de seu amigo de longa
data Mitt Romney na corrida à Casa Branca.
Em
referência à manifestada preferência de Netanyahu durante a campanha americana,
o jornal afirma que o premiê israelense não poderá agora reclamar caso Obama se
manifeste a respeito das eleições em Israel.
O
jornal de maior tiragem do país, o conservador Israel Hayom,
analisa o impacto da eleição americana sobre a política local israelense e
afirma que a vitória de Obama aumenta as chances de os ex-premiês Ehud Olmert e
Tzipi Livni, do partido centrista Kadima, retornarem à política para a disputa
das eleições marcadas para janeiro de 2013.
No
Irã, o diário Etemad afirma que o país “precisa agora observar Obama
mais de perto”. “Presidentes dos Estados Unidos em segundo mandato assumem
riscos maiores porque não precisam se preocupar com as próximas eleições”, diz
o jornal.
Um
artigo em outro jornal iraniano, Arman,
diz que “as pessoas que acreditam que Obama vai evitar uma guerra contra o Irã
estão corretas, mas eles estão errados em considerar a reeleição de Obama menos
perigosa para Teerã do que se Romney estivesse na Casa Branca”.
China
O
diário China
Daily, ligado ao Partido Comunista Chinês,
afirma que Obama “terá de gastar parte de seu capital político para estabilizar
a relação dos Estados Unidos com a China mesmo se esses laços se tornarem mais
competitivos”.
-
Alguns importantes analistas americanos sobre a China dizem que os desafios de
Obama nos próximos quatro anos devem incluir fortalecer a política americana,
incluindo a militar, de reequilíbrio da presença ampliada na Ásia-Pacífico, da
construção de uma equipe de relações internacionais para o segundo mandato e da
formulação de políticas comerciais duradouras com a China – afirma o jornal.
Segundo
o diário, Obama deve manter suas políticas sobre a China, “particularmente na
construção de laços bilaterais amplos e cooperativos”.
América Latina
O
principal jornal mexicano, El
Universal, diz que a vitória de Obama de certa
forma contradiz os analistas.
-
Apesar de ter posto fim à guerra no Iraque e de ter acabado com a vida de Osama
bin Laden, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos está hoje envelhecido
e comanda um país com quase 8% de desemprego – observa o jornal.
-
Desde a década de 30, nenhum presidente tinha conseguido se reeleger com essas
taxas (de desemprego). Entretanto, Obama já demonstrou que nasceu para romper
padrões – diz o diário.
O Reforma, também da Cidade do México, afirma que Obama foi
reeleito com dificuldade e que “deverá lidar com os mesmos problemas que
enfrentou em sua primeira gestão: um deficit fiscal e a reforma migratória”.
O
argentino Página/12 diz
que “Obama foi reeleito em seu papel de comandante-chefe das Forças Armadas”.
“O governo democrata pôs fim à guerra no Iraque, continuou a do Afeganistão e
liquidou o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, artífice dos atentados ao World
Trade Center de 2001. Para a maioria dos americanos, Obama fez o correto”, diz
o jornal.
O
também argentino Clarín afirma que a vitória de Obama “deixou a descoberto
as debilidades de seu rival republicano, Mitt Romney”. “O ex-governador de
Massachussets tentou convencer os americanos de que estava em melhores
condições que Obama para tirar o país da crise que se iniciou em 2008, por
conta de sua experiência empresarial, mas claramente não conseguiu”, diz o
jornal.
Para
a publicação, “a vitória do atual presidente também foi um grande revés para o
setor fundamentalista republicano Tea Party, que, de agora em diante, será
culpado por ter dividido o partido e obrigado Romney a adotar posições radicais
demais para conquistar os indecisos, um setor do eleitorado que não aceita os
extremos”.
O
diário El
Tiempo, da Colômbia, também questiona o
impacto do Tea Party sobre o resultado da eleição. “Para os republicanos, a
derrota é complicada, porque há temores entre seus eleitores de que as
políticas implementadas por Obama levem ao caos ou a uma crise pior do que a
que atravessa o país”, diz o jornal.
-
Além disso, ver Obama reeleito deixa aos republicanos a incerteza de se as
posições de direita encarnadas no Tea Party que em algum momento os ajudou a avançar no
Congresso lhes custou o voto dos eleitores mais de centro, descontentes com
Obama, mas não dispostos a assumir posições mais extremadas – afirma o diário.
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