segunda-feira, 20 de maio de 2013

A INDUSTRIA AMERICANA DEIXA A CHINA E SE INSTALA NO MÉXICO.



Depois de três décadas delegando a produção industrial para fábricas chinesas, as grandes empresas dos Estados Unidos começam a traçar o caminho inverso. O parque industrial Appliance Park da gigantesca General Eletric em Louisville, KY, está voltando a ativa depois de 14 anos parado. Aberto em 1951, o local atingiu o pico da sua força de trabalho em 1973, com 23.000 empregados. Nove anos depois, em 1984, o número de trabalhadores já era menor que os 16.000 que trabalhavam no local em 1955. A queda se sustentou e em 2003 o superstar CEO Jack Welch sugeriu que o local, que tem seis mega barracões industriais, fosse fechado. Em 2008, o CEO atual, Jeffrey Immelt, tentou vender a propriedade, sem sucesso por causa da crise.
A aparente desistência da GE quanto ao Appliance Park sofreu uma reviravolta nesse ano, em 10 fevereiro começou a funcionar uma linha de montagem nova em folha no prédio de número dois, para produção de aquecedores de água de última tecnologia. Logo em março, 39 dias depois, outra linha de montagem começou a funcionar, dessa vez no prédio de número cinco. Além dessas linhas já em funcionamento, a GE irá abrir outras duas em 2013, nos prédios um e três.
A volta do mundo dos mortos, galpão por galpão, é um reflexo de um movimento que ganha força nos Estados Unidos, o insourcing, que é o contrário do outsourcing (terceirização). As empresas começam a se interessar em trazer de volta para casa suas linhas de montagem, e não existe nada tão eficaz além das vantagens financeiras operando para que isso aconteça:
  • Em 2000, por exemplo, o custo do petróleo era três vezes menos, e por isso o frete de um navio para atravessar o pacífico era muito mais barato.
  • Os Estados Unidos estão no meio de um boom de gás natural, tornando a operação de indústrias, que usam muita energia, mais barata.
  • O trabalhador de fábrica na China está ganhando cinco vezes mais do que ganhava no ano 2000, em média. E espera-se um aumento de pelo menos 18% ao ano.
  • Sindicatos dos EUA resolveram abrir mão de muitas exigências, o que reduz o salário dos trabalhadores e permite que os empregos sejam gerados no país, e não no exterior.
A linha de produção que a GE trouxe de volta para casa foi a do aquecedor de água GeoSpring, e no planejamento da nova planta reuniram-se engenheiros numa sala para analisar o produto a fim de pensar como seria montada a linha. Houve um espanto do grupo quando olharam para o aquecedor e viram que tinha muita coisa errada, muitas partes e materiais desnecessários. Então redesenharam o produto e conseguiram cortar 25% do custo final com materiais, e além disso, um corte no tempo necessário para a produção de um aquecedor de dez para apenas duas horas.
E viram que não seria possível manter o “preço chinês” que vinham praticando, porque conseguiram derrubá-lo em 20%. De $1.599 para $1.299.
Além das vantagens competitivas adquiridas pela proximidade entre criadores do produto e o chão de fábrica, a GE conseguiu cortar o tempo de entrega “fábrica – déposito” de 5 semanas (4 semanas num navio e 1 semana na alfândega) para apenas 30 minutos.
E a GE não é a única a se arriscar no insourcing. A Whirlpool está trazendo a produção de misturadores da China para Ohio, a Otis trouxe a produção de elevadores do México para a Carolina do Sul, entre outros exemplos. Até a Apple surpreendeu quando em alguns dos nos novos iMacs que começaram a ser vendidos na última semana pode ser lido “Assembled in USA” (montado nos Estados Unidos).
O Appliance Park vai fechar este ano com 3.600 empregados, 1.700 a mais que no ano passado. Há mais de uma década que o local não gerava tantos empregos. A GE também contratou 500 novos designers e engenheiros de 2009 até hoje, para dar suporte às novas operações. A atividade da GE em Louisville já atraiu fornecedores para a área, como a Revere Plastics Systems, que abriu uma planta em que trabalham 195 pessoas em três turnos.
Só o futuro vai dizer se a atual onda de insourcing veio para ficar. O que dá para adiantar é que a experiência da GE com o GeoSpring está valendo o dinheiro investido, e se o dinheiro vale a pena…
[Texto baseado na excelente matéria do The Atlantic]

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