domingo, 11 de agosto de 2013

SE A INTENÇÃO DO GOVERNO É PROMOVER A CULTURA PARA JOVENS E IDOSOS, ESSA LEI VEIO EM SENTIDO CONTRÁRIO.




A lei da meia-entrada na sua essência era nobre, permitir que estudantes e idosos tivessem acesso a cultura.
Pessoas que estão se preparando para a vida produtiva e aposentados se beneficiariam. Todo e qualquer evento cultural ou não tem que conceder o desconto de 50% no preço do ingresso. Tudo muito lindo na teoria, mas, na prática, ser esqueceram só de combinar com os empresários e com os falsificadores.
Os empresários colocam os preços inflacionados sabendo que a maioria comprará ingressos com a famosa carteirinha: benefício zero para os estudantes e despesa maior para quem não possui a carteirinha. A média de público que paga meia entrada no Brasil é absurda, todos são estudantes nesse país, desde o adolescente até o marmanjo de 40 anos – estudam em algum curso com direito ao desconto. Segundo o jornal Folha de São Paulo, a média de público que paga meia entrada é: no cinema, 65% , no teatro 70% e nos shows 80% . O que faz o empresário? Dobra o preço dos ingressos e azar daquele que não tem direito ao desconto, como eu por exemplo.
Carteirinhas de estudantes falsas existem aos montes por aí. Várias entidades estudantis vendem a carteirinha e a fiscalização é praticamente nula. É uma festa, as entidades arrecadam com a taxa e o estudante, real ou não, fica feliz da vida. Os empresários fingem que dão o desconto e os beneficiados pensam que estão levando vantagem. Quem é o esperto dessa história!
Já não bastasse a lei de meia-entrada ser uma aberração brasileira a Câmara dos Deputados aprovou, nesse semana, uma lei que limita em 40% a venda de ingressos com meia-entrada. Os empresários estão comemorando. Felizes da vida vão poder vender ingressos com preços altos e ainda limitam a venda. Quem vai fiscalizar se determinado evento atingiu a cota dos 40%? Ninguém. É só a empresa dizer que os ingressos de estudantes estão esgotados e pronto.
Sem falar do preço absurdo dos estacionamentos, alimentação e bebidas. Não entendo porque na Sala São Paulo (local público) o estacionamento custa R$ 18,00 e um mísero crepe custa vinte mangos. Nem em Londres é tão caro.
Alguns pensam que o preço dos ingressos sofrerá uma redução com a nova lei, duvido muito. Os empresários espertamente vão absorver a diferença como lucro e ficar tudo como está. Na Europa, a meia-entrada funciona em instituições públicas como museus e eventos. Aqui, banalizou-se a lei, tudo tem meia-entrada. O Estado não tem o direito de interferir em preços de eventos privados e, quando o faz, o empresário se defende aumentando o preço e fingindo que dá o desconto.
A presidente Dilma Roussef tem 15 dias para sancionar a lei dos 40% que faz parte do Estatuto da Juventude, que ainda diz que só terão direito ao desconto estudantes entre 15 e 29 anos. Segundo o jornal Folha de São Paulo, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, afirmou que a pasta “se posicionou a favor do limite de 40%, em benefício da formação cultural da juventude e da produção na área da cultura“. Em que mundo a nobre ministra vive? Essa lei é um retrocesso e só beneficia os empresários, que terão instrumentos de faturar mais fazendo a mesma coisa. É melhor deixar do jeito que está.

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